A sala

A sala ficava no último andar da maravilhosa biblioteca da Universidade Nórdica, que vista de fora, parecia um enorme e exuberante pavão, vestido de muitas e garridas cores. Uma supra ave, especial, espacial, resplandecente, desenhada por um arquiteto que a sonhou num dia muito sujo e cheio de mendigos a pedir pão numa rua deserta, desolada, infinda de um planeta de contaminada filosofia, um minúsculo naco de pão, nem que fosse já de semanas e tivesse bicho e bolor. Um arquiteto-homem que queria ser pássaro-universal para poder voar por cima do mundo vestido em diáfano fato deixando para trás a veia arterial, pulsante, repugnante da ingrata porcaria do rés-do-chão.